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Alunos de Olavo de Carvalho serão readmitidos por novo ministro da Educação

Ministro também deverá exonerar militares colocados na área por seu antecessor
O ideólogo da direita Olavo de Carvalho Foto: Vivi Zanatta / Folhapress
O ideólogo da direita Olavo de Carvalho Foto: Vivi Zanatta / Folhapress

BRASÍLIA — O novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, indicado nesta segunda-feira para o cargo pelo presidente Jair Bolsonaro , reconduzirá à pasta ex-alunos do ideólogo de direita Olavo de Carvalho, demitidos pelo então ministro Ricardo Vélez. De acordo com uma fonte do Palácio do Planalto, o ministro também deverá exonerar militares colocado na área por seu antecessor.

A lista de exoneração é encabeçada pelo tenente-brigadeiro do ar Ricardo Machado Vieira, nomeado para o cargo de secretário-executivo do MEC há dez dias. Para o lugar deverá ser indicado Eduardo Melo, que havia sido exonerado por Vélez do posto de adjunto na Secretaria Executiva do MEC, no dia 11 de março.

Na última semana, com a queda iminente de Vélez, ex-alunos de Olavo de Carvalho começaram uma campanha em prol de Eduardo Melo para assumir o cargo de ministro. Após ser exonerado por Vélez, Melo passou a ocupar o cargo de diretor-geral adjunto da TV Escola.

Desde o início de março, uma briga interna resultou em várias demissões na área da Educação. A disputa entre as alas ideológica e militares no MEC começou porque Vélez decidiu tirar de cargos estratégicos os "olavetes", como se autodenominam os admiradores do ideólogo. Com as movimentações, Vélez ficou enfraquecido, chegando a ser criticado pelo próprio Olavo de Carvalho, que o indicou para o cargo. O ex-ministro também foi criticado publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro.

Ao longo do processo, demitidos do MEC próximos do ideólogo de direita passaram a atacar Vélez, acusando-o de não seguir as propostas de governo Bolsonaro, que trazem um forte viés ideológico para a área de educação.

No Twitter, Olavo de Carvalho escreveu: "Desejo toda sorte  do mundo ao ministro Weintraub, e só advirto: se aparecer algum Croquetti dando palpite, esconda-se no banheiro". O termo "croquetti" pode ser interpretado como uma referência a Ricardo Roquetti, que esteve na origem da crise do MEC e foi demitido pelo presidente. Roquetti tentava afastar o grupo de seguidores de Olavo da pasta.

Perfil ideológico

Escolhido para chefiar o Ministério da Educação, o economista e militante de direita Abraham Weintraub já defendeu combater o "marximo cultural nas universidades". De acordo com uma fonte do Palácio do Planalto, foi justamente o perfil ideológico do ex-secretário-Executivo da Casa Civil que fez com que o presidente Jair Bolsonaro o confirmasse para o cargo.

Durante participação no final do ano passado na Cúpula Conservadora das América, em Foz do Iguaçu, Abraham e o irmão Arthur Weintraub defederam que as teorias de Olavo de Carvalho fossem adaptadas para vencer a esquerda.